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A pesquisa mostra que, na média, a escolaridade e o
salário dos filhos são maiores quando os pais têm nível superior completo e
empregos melhores.
O estudo foi feito com dados coletados na Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) em 2014. Segundo o IBGE, os
rendimentos médios das pessoas sem instrução aumentam, em geral, conforme é
maior o nível de instrução do pai ou da mãe.
Por exemplo, o rendimento de uma pessoa
de 25 anos ou mais, sem instrução, variava R$ 1.607 dependendo do nível
educacional do pai:
Pai sem instrução: rendimento era de R$
717;
Pai com nível superior completo: rendimento era de R$
2.324.
Segundo o IBGE, o aumento é visto em quase todos os
níveis de instrução.
A análise dos dados mostra "a importância da
escolaridade do pai no rendimento médio dos filhos, independentemente do nível
de instrução destes", de acordo com a pesquisa, e que essa importância
também é observada no caso das mães.
Renda dos
pais influencia educação dos filhos
A pesquisa não levantou dados de rendimento dos pais,
o que seria outro fator de influência para o sucesso profissional do filho.
Flávia Vinhaes, analista do IBGE, afirma que estudos
indicam há uma "forte correlação" entre a renda e o nível de
escolaridade do pai.
Pais que têm melhores condições financeiras, em geral,
podem dar aos filhos mais acesso a fontes de educação. Não apenas pagando sua
educação formal, com escola e faculdade, mas outras oportunidades culturais,
como livros e viagens, por exemplo. E que isso também influencia o sucesso profissional
desse filho.
Vinhaes afirma que essa correlação entre a renda do
pai e o sucesso do filho, porém, não invalida a conclusão do estudo, de que o
nível de escolaridade do pai influencia a carreira do filho, também.
O estudo afirma que o desenvolvimento adquirido com a
escolaridade explica somente parte do sucesso econômico. Ele cita como outros
fatores importantes o "acesso à cultura e aos estímulos intelectuais, bem
como o crescimento em ambientes que favoreçam o desenvolvimento cognitivo".
Os pesquisadores ressaltam que, de qualquer forma, há
uma correlação entre anos de estudo e ganhos salariais.
Qualidade do
ensino
Na pesquisa, o IBGE não levantou dados detalhados do
tipo de diploma dos pais que fizeram faculdade. Os entrevistados respondiam
apenas qual era o nível de escolaridade de seus pais.
O estudo não abrange especificamente, portanto, a
qualidade do ensino cursado por esses pais, nem comparam se eles são formados
em áreas com salários e condições maiores.
A analista afirma, porém, que isso não altera as
conclusões da pesquisa.
Vinhaes afirma que os dados de salário apontam uma
tendência, mais do que mostrar o valor em si de quanto uma pessoa nessa
situação ganha, justamente por ser uma média, contemplando desde as pessoas que
ganham menos, até aquelas mais ricas.
Escolaridade
dos filhos
Nas famílias em que os pais possuíam no mínimo o
diploma da faculdade, 69,1% dos filhos também conseguiram terminar a graduação.
Esse percentual cai muito nas famílias em que o pai
não é alfabetizado. Nelas, apenas 4% dos filhos conseguiram completar o ensino
superior.
Segundo o estudo, 51,2% do total de pesquisados
conseguiu ultrapassar o nível de instrução de seus pais.
Ascensão
A pesquisa também mostra que 47,4% das pessoas possuem
ocupações melhores e 33,4% exercem os mesmos tipos de atividade profissional na
comparação com seus pais, o que representa uma "mobilidade
sócio-ocupacional ascendente", segundo o IBGE.
Outros 17,2% ocupam postos de trabalho com rendimento
menor e vulnerabilidade maior em relação aos pais, numa trajetória descendente,
de piora, de uma geração para a outra.
Vínculo
empregatício
A pesquisa indica que quem entrou mais cedo no mercado
de trabalho é, na maioria das vezes, filho de profissional sem carteira de
trabalho assinada ou que atua por conta própria.
Entre os trabalhadores sem carteira assinada, quase a
metade dos filhos começou a trabalhar antes dos 13 anos: 46,6%. Outros 35,9%
tiveram o primeiro emprego antes de completar 18 anos.
O percentual de quem teve pai empregado com carteira
assinada e começou a trabalhar antes dos 13 anos é menor, de 19,9%.
Os filhos de quem trabalhava por conta própria também
começaram jovens no mundo do trabalho: Ao todo, 79,7% iniciaram a vida
profissional antes dos 18 anos.
O estudo, chamado suplemento Mobilidade
Sócio-Ocupacional, foi feito em convênio com o então Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e tem o objetivo de avaliar o programa
Brasil sem Miséria, lançado em 2011. Ao todo, foram entrevistadas 77.281
pessoas.
Por Alfredo Mergulhão, Colaboração para o UOL, do Rio de Janeiro, em 16/11/2016
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